A ESPERA DE UM AMOR

Eu Só e Parado,
Em Pé e Virado,
Tão Resignado,
Sozinho e Calado,
Surrado no Tempo,
Num Só Contratempo,
Assim Esquecido,
Eu Quase Morrido,
Depois de Ter Sido,
O Teu Grande Altar!
Eu Só e Chorando,
Calado Gritando,
Eu Só Te Olhando,
Sozinho Esperando,
Aqui Bem no Meio,
O Amor que Odeio,
Que Nunca Me Veio,
Nem Nunca Virá!
Assim É o Amor,
Que Grita a Dor,
Da Espera de Amar,
Da Espera que Tem,
E Não Sabe se Vem,
Ou Nunca Virá!
Eu Só e Parado,
Eu Só e Cansado,
Cansado de Ser,
Somente Eu Mesmo,
Cansado de Ver,
MinhAlma a Esmo!
Mas Eu Sou Só Um,
Não Sou Um Algum,
Eu Sou o Nenhum,
De Alguém que É Você!
Eu Nada Vou Ter,
Eu Nada Vou Ser,
Eu Nada Terei!
O Nada Eu Sou,
O Nada Me Amou,
O Nada Eu Virei!
Eu Sou O Que Restou,
Do que Tanto Errei,
Eu Sou o Que Sobrou,
De Tudo o Que Amei!
Eu Sou a Colheita,
Que Chora e Devora,
Sou a Silhueta,
Que Me Apavora,
A Minha Ampulheta,
Que Não Sabe a Hora,
De Não Ser Mais Eu!
Eu Sou Só a Sombra,
que Grita e Assombra,
Eu Sou a Criança,
que Nunca Cresceu!
Eu Sou a Esperança,
De Um Dia Ser Teu,
Eu Sou a Lembrança,
Que Não Te Esqueceu!
Eu Sou a Memória,
Que Nunca Morreu,
Eu Sou a História,
Que Me Aconteceu,
Eu Sou a Escória,
Do Amor que Foi Teu!